Na cimeira das Nações Unidas sobre o clima, COP26, na Escócia, o Presidente João Lourenço comprometeu-se em concretizar a redução da intensidade de carbono na produção de energia eléctrica num horizonte de até 2025 e traçou acções complementares no domínio da gestão sustentável das florestas, transportes e agricultura.
Em 2019, dados do satélite MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) lançado pela NASA – agência espacial norte-americana – apontava que Angola liderava a lista de países com o maior número de incêndios florestais, ultrapassando a República Democrática do Congo e o Brasil.
Recorde-se, para melhor perceber a tese do MPLA que se estriba em mentir às segundas, quartas e sextas, aldrabar às terças, quintas e sábados e descansar aos domingos, que as autoridades angolanas estavam em Agosto de 2019 a efectuar diligências junto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com vista a beneficiar de apoio aos programas de controlo e gestão de queimadas no país.
Os contactos estavam a ser encetados pela Representação Permanente de Angola na FAO, em Roma (Itália), tendo como interlocutor a direcção florestal desta agência da ONU, noticiou na altura a Angop.
Segundo a Representação Permanente, o propósito da iniciativa era o de obter para Angola assistência no controlo e na redução das queimadas, no quadro dos programas de educação ambiental das comunidades nas áreas rurais, visando melhorar a educação e gestão da agricultura familiar.
Tendo em conta as preocupações recorrentes à volta da problemática das queimadas, o envolvimento da FAO poderia contribuir para consolidar os esforços do Governo angolano, com vista a incutir nas populações novos conhecimentos necessários à gestão das florestas com a adopção das melhores práticas.
A Representação de Angola na FAO estava igualmente, segundo a propaganda oficial, a trabalhar no sentido de promover a captação de recursos financeiros (o fiado, sem o qual o regime não se aguenta) para a implementação de projectos, programas e acções nesse domínio.
Com uma área global de 60 milhões de hectares de cobertura florestal, Angola possui uma taxa de desflorestação anual de 8,2%, estando abaixo das taxas de muitos países africanos.
Angola é signatária do Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas, considerado pelo Governo angolano como um agente catalisador da mudança, e que deve ser adoptado por todos, a fim de salvar e preservar o planeta para as gerações presentes e vindouras.
Neste sentido, dizia já possuir programas e planos, alguns deles em execução, para dar resposta às necessidades de implementação do desenvolvimento sustentável. Como se vê, é claro!
Nesses programas, destacam-se oficialmente estratégias multi-sectoriais para assegurar a inserção de energias renováveis, desenvolvimento e expansão da agricultura familiar, no âmbito do combate à pobreza e da garantia da segurança alimentar.
Em várias regiões de Angola ocorrem regularmente queimadas que os camponeses levam a cabo na fase de preparação de terras para cultivo, uma prática secular em diversos países do continente africano.
De acordo com o Governo angolano, essas práticas, apesar de não serem boas, são habituais e controláveis, sem comparação com os incêndios que se registam na floresta da Amazónia (Brasil), como alguns meios de informação tentaram fazer crer, só para azucrinar o MPLA.
Numa nota de imprensa, a propósito de informações que diziam haver um número elevado de fogos em Angola, o Ministério do Ambiente admitia a existência de queimadas, mas negava haver razões para drama.
Recorde-se que o então ministro do MPLA para a Comunicação Social, João Melo, afirmou que comparar as queimadas que se fazem em vários países africanos do centro-sul, como Angola, com os fogos da Amazónia “é um completo nonsense”, admitindo, no entanto, o problema.
O rapazola confundiu a obra-prima do mestre com a prima do mestre de obras, mostrando que, por exemplo, se o Presidente da República taxasse a estupidez dos membros do Governo, o país deixaria de estar em crise.
Na sua conta do Twitter, o ministro fez alusão a um artigo da agência Bloomberg (que o Folha 8 divulgou no artigo “Angola lidera lista de países com mais incêndios”) que se baseava em fotos da NASA, a agência espacial norte-americana, e punha Angola no topo mundial em número de fogos, considerando que a comparação não fazia sentido.
A criatura, como é seu timbre, esqueceu-se que não é feita nenhuma comparação mas, tão-somente, uma listagem estatística com os países que, na altura, registavam o maior número de fogos.
“O artigo atribuído à Bloomberg afirmando, com base em fotos da NASA, que há mais fogos em Angola, Congo e outros países do centro-sul de África do que na Amazónia é um completo nonsense. Como comparar queimadas, tradicionais nesta região, com o incêndio da maior floresta do mundo?”, escreveu João Melo.
Pois é. Então não é possível elencar/comparar os nossos 20 milhões de pobres com a inexistência de pobres nos clãs familiares dos membros do Governo, ou comparar/elencar a coluna vertebral de um chimpanzé (sem ofensa para estes primatas) com a de muitos ministros, no activo ou já desactivados?
De acordo com uma notícia da Bloomberg, do dia 24 de Agosto de 2019, que citava dados do satélite MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) da NASA, Angola tinha registado 6.902 fogos nas anteriores 48 horas, mais do dobro dos 3.395 na República Democrática do Congo e mais do triplo dos 2.127 fogos registados no Brasil.
Reconheça-se, contudo, que o satélite MODIS poderá ser o desaparecido satélite angolano Angosat-1 que terá sido corrompido pelos marimbondos de José Eduardo dos Santos, admitindo-se igualmente como plausível que a própria NASA tenha sido infiltrada pelos discípulos de Jonas Savimbi.
“Os fogos que grassam na Amazónia podem ter colocado pressão sobre as políticas ambientais do Presidente Jair Bolsonaro, mas o Brasil é, na verdade, o terceiro país no mundo em termos de incêndios nas últimas 48 horas”, referia a Bloomberg, salientando (sem consulta prévia ao Departamento de Informação e Propaganda do MPLA, à ERCA do MPLA e ao Tribunal Constitucional do MPLA) que estes números não eram invulgares na África central, quando os agricultores fazem queimadas para preparar a terra para cultivar.
Numa sequência de ‘tweets’, em que interagiu também com os seus seguidores, João Melo criticou o “carnaval” em torno das fotos da NASA e a confusão entre queimadas, fogos florestais, incêndios, fósforos acesos, piqueniques, churrascos, sardinhadas e similares.
“Confundir fotos de capim a arder na nossa região com incêndios massivos em florestas é brincadeira. E misturar isso com politiquice barata é pior ainda. Lamentável”, escreveu o então governante enquanto se descalçava para tentar contar as razões da sua emblemática tese que, à priori, sabia que seriam mais de… 10 (dez).
João Melo reconheceu, contudo, que o problema existe e precisava de ser resolvido, respondendo a um seguidor que “o Governo estava a tomar medidas para enfrentar esses problemas. Mas resolvê-los leva tempo”.
Nisto o então ministro tem razão. Se em 46 anos de governo o MPLA ainda não conseguiu descobrir a diferença entre um corredor de fundo e o fundo do corredor, precisa mesmo de muito tempo para distinguir o José Maria da Maria José.
O governante do MPLA rejeitou ainda, em resposta a outro internauta, que os seus comentários estivessem relacionados com um ‘tweet’ do anterior ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Sales.
Sales reagiu às críticas do Presidente francês, François Macron, sobre o ‘ecocídio’ da Amazónia, escrevendo: “Mais fogo em Angola e Congo do que na Amazónia… e o Macron não fala nada… Porque será? Será que é porque eles não concorrem com os ineficientes agricultores franceses?”.
“Não vi nenhum tweet de nenhum ministro brasileiro ou de qualquer país sobre este assunto”, respondeu João Melo ao seguidor que o interpelou.